Por Alderi Dantas - Jornalista
Juscelino França Dias, Juscelino França, ou melhor blogueiro Juscelino França, a brutalidade de certos acontecimentos, muitas vezes, nos deixa em suspenso, sem querer acreditar na realidade dos fatos. Você, que parecia ter saído do vendaval do coronavírus e não nos dava suspeita de morte tão próxima, de repente cobriu de luto seus amigos e feriu de imensa dor a sua mãe Raquel Franca, a sua sobrinha Raysla, o seu tio Aluísio, a sua prima Mara Núbia, a sua madrinha Gracinha e todo o ambiente familiar.
Nascido em 08 de julho de 1977, Juscelino França exaltava a liberdade e suscitava esperanças. Insurgiu-se em todas as fases de sua vida contra os arroubos da truculência e do arbítrio, inspirado na pessoa do seu avô materno Francisco Francilino França (Chico França), importunado pela repressão política e autoritária instalada no país em 1964.
Tendo tido a oportunidade de concordar e discordar das opiniões de Juscelino, ampliei com o passar do tempo a percepção do seu senso indomável e a honestidade de ser sempre ele, ao ponto de transbordar defeitos que beiravam a virtude e virtudes que se tornavam de tão grandes, em defeitos.
O exercício do seu viver residiu fundamentalmente em sua capacidade de amar a política com todas as letras. Juscelino França contava de maneira pulsante e em profusão histórias da paisagem política e suas figuras, ou, de maneira tribunícia, declamava trechos de discursos históricos ou construídos na ordem da satisfação e da alegria de subir em um palanque e ter um microfone a disposição.
Impulsivo, capaz de fazer troar canhões no campo de batalha, nunca deixou de rejeitar o que não lhe ia ao temperamento. Era uma pessoa extremamente amiga, porém também era uma pessoa do sim, sim, não, não. Jamais em sua vida hesitou.
Ano passado, por ocasião dos dez anos do seu blog, ele ignorou as dores e a dureza do seu tratamento para adoçar em todas as suas dimensões a vida e o viver. Ainda que muitas vozes tenham contestado e até tentado desanimá-lo daquela festividade, fosse pela circunstância do seu estado de saúde ou pelo momento pandêmico, ele não desanimou e nem mediu esforços para reunir aqueles que alegravam suas feições.
Nos seus 10 anos e poucos meses de atividades e com postagens diárias de temas diversos, mas principalmente, postagens relacionadas ao mundo da política, o blog do Juscelino França cresceu e registrou bons índices de leitura. Difícil fazer uma retrospectiva desta década que somou milhares de postagens e milhões de leitores, porém fácil era perceber que o blog se tornou algo que ele tanto gostava de fazer. E assim prosperou, tanto que nada mais o separou do mundo da blogosfera.
A origem humilde não o impediu de extravasar suas inquietudes procurando com constância superar as barreiras e, com certeza, ele foi muito mais além do que lhe foi dado ir e ser.
Juscelino França viveu 44 anos. Morreu. Como morrem todos. Mas, a grandeza da memória não é uma grandeza morta que o vento leva e desfaz. Juscelino com certeza, continuará sendo uma grandeza viva. Ele apenas foi até ali.
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Postado em 17/02/2022 às 05:50