Não sou profissional ou pesquisador da área de saúde, portanto não tenho competência para falar da efetividade da cloroquina no tratamento do coronavírus. Há médicos que, analisando caso a caso, e sabendo dos riscos do uso de uma droga antiga, mas em fase de testes para uma doença nova, resolvem ministrá-la, acompanhando o paciente e se responsabilizando pelos efeitos em sua saúde. Há outros que avaliam que não há provas de que ela seja mais eficaz do que o próprio sistema imunológico do paciente e traz riscos que não valem a pena, preferindo não usá-la. Eu, que sou leigo, não tenho como opinar.
Mas, espero com atenção, estudos conclusivos que confirmem a capacidade do remédio de agir contra o coronavírus. A sociedade deve estar informada sobre as pesquisas que subsidiam a adoção de política públicas que distribuem produtos químicos em larga escala - políticas que devem ser baseadas em testes e pesquisas. E, para além da cloroquina, há uma série de drogas que vêm sendo estudadas contra a doença. Quero que me provem qual delas tem mais eficácia.
Enquanto isso, mandatários, dos mais diferentes matizes ideológicos, da esquerda à direita, também deveriam se conter ao invés de usar o remédio para fins eleitorais.
Como escrevi aqui ontem, Jair Bolsonaro usou o pronunciamento à nação, desta quarta (8), para dizer que é apenas o uso da cloroquina e não o isolamento social que vai evitar mortes. Quer levar o mérito dos resultados positivos da quarentena de governadores e prefeitos para o seu colo, apontando que o efeito do segundo foi causado pelo primeiro. Um comportamento de parasita político, não de presidente da República.
Tomei cloroquina na segunda malária que peguei cobrindo conflitos armados fora do país - outra vida, um dia eu conto. Houve efeitos colaterais? Sim. Foi tranquilo? De jeito nenhum. É um medicamento e não vitaminas B e C que você pode consumir sem preocupação. Naquele momento, eu não sabia que era hipertenso e cardíaco (condições que, hoje, estão sob controle), como muitos brasileiros também não sabem.
Mesmo assim, muita gente comprou o remédio para se "precaver", em uma onda de histeria que - ironicamente - foi alimentada pelo próprio presidente, que chamou a pandemia de coronavírus de "histeria".
A automedicação é um consagrado esporte nacional, ainda mais em um momento em que a ciência se depara com um vírus novo para o qual não tem todas as respostas - mas que, decerto, não passará por jejum a Deus. E em um ambiente de alta conectividade digital, em que as pessoas acham que a imensa quantidade de informação aleatória que recebem lhes garantem graduação em Medicina pela Universidade do WhatsApp, com residência em Infectologia pelo prestigioso Hospital do Google.
Leia a íntegra do texto AQUI
A automedicação é um consagrado esporte nacional, ainda mais em um momento em que a ciência se depara com um vírus novo para o qual não tem todas as respostas - mas que, decerto, não passará por jejum a Deus. E em um ambiente de alta conectividade digital, em que as pessoas acham que a imensa quantidade de informação aleatória que recebem lhes garantem graduação em Medicina pela Universidade do WhatsApp, com residência em Infectologia pelo prestigioso Hospital do Google.
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Postado em 9/04/2020 às 17:36 - Foto: HeungSoon/Pixabay (comprimidos de cloroquina)
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