O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável Jair Bolsonaro, ameaçou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) caso eles decidam fazer algum tipo de questionamento à candidatura de extrema direita do PSL. "Se o STF arguir qualquer coisa... Sei lá, que recebeu uma doação ilegal de 100 reais do José da Silva... E impugna a candidatura dele... Eu não acho isso improvável, mas aí vai ter que pagar para ver. Será que eles vão ter essa força mesmo?", questiona o deputado, em vídeo que começou a circular pelas redes sociais domingo (21). "O pessoal até brinca que para fechar o STF você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo. Se você prender um ministro do STF, você acha que vai ter uma manifestação popular?".
Em texto publicado em seu perfil no Facebook na tarde do domingo, o deputado esclareceu que o vídeo foi gravado há quase quatro meses e pediu desculpas. "Eu respondi a uma hipótese esdrúxula, onde Jair Bolsonaro teria sua candidatura impugnada pelo STF sem qualquer fundamento. De fato, se algo desse tipo ocorresse, o que eu acho que jamais aconteceria, demonstraria uma situação fora da normalidade democrática. Na sequência citei uma brincadeira que ouvi de alguém na rua", afirmou.
O presidenciável Jair Bolsonaro já havia declarado horas antes a jornalistas que não existe a possibilidade de o Supremo ser fechado, segundo informou a Folha de S. Paulo. "Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra", afirmou o candidato, que naquele momento garantiu desconhecer o vídeo e disse duvidar que seu filho tenha feito tal afirmação.
A ameaça ao Supremo foi feita durante uma aula na AlfaCon Concursos Públicos, que oferece cursos preparatórios para os que almejam trabalhar na Polícia Federal e outras instituições públicas. O vídeo de sua fala foi publicado em julho deste ano no canal do Youtube do curso preparatório. "Sendo eleito no primeiro turno, há possibilidade de o STF criar uma previsibilidade para agir e impedir que seu pai assuma? E, isso acontecendo, o Exército pode agir sem ser invocado, salvo engano, o artigo 1º?", perguntava um participante da aula. Eduardo Bolsonaro, que é policial federal e foi reeleito deputado federal por São Paulo neste ano com 1,8 milhão de votos, tornando-se o mais votado da história, começou respondendo o seguinte: "Aí está caminhando para um estado de exceção, né. O STF vai ter que pagar para ver. E aí quando ele pagar para ver, vai ser ele contra nós. Você está indo para um pensamento que muitas pessoas falam e muito pouco pode ser dito".
O vídeo ascendeu novamente os temores de uma possível escalada autoritária no país. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que costuma ser cauteloso, afirmou que as declarações sobre o STF "cruzaram a linha, cheiram a fascismo".
O vídeo ascendeu novamente os temores de uma possível escalada autoritária no país. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que costuma ser cauteloso, afirmou que as declarações sobre o STF "cruzaram a linha, cheiram a fascismo".
Por Alderi Dantas, 23/10/2018 às 00:10 - Com informações do El País Brasil
0 Comentários:
Postar um comentário