O MUNICÍPIO DE ASSÚ 170 ANOS DEPOIS
Por Joacir Rufino de Aquino e Raimundo Inácio da Silva Filho - Economistas e professores da UERN
No mês de outubro de 2015 celebra-se o aniversário de emancipação política e administrativa do município do Assú, que completa 170 anos. Para comemorar a data, está programada uma série de atividades voltadas, principalmente, à promoção artístico-cultural, além de outros eventos festivos. Nesse contexto, vale a pena refletir sobre alguns aspectos da socioeconomia local, a fim de situar as principais características do aniversariante no cenário estadual.
O município homenageado foi emancipado pela Lei Provincial Nº 124, de 16 de outubro de 1845, que concedeu a então Villa Nova da Princesa o status de cidade de Assú (nome escrito com “SS” e acento no “Ú”). Está localizado na Mesorregião Oeste Potiguar, a 207 km da capital do Rio Grande do Norte (RN), Natal. Segundo informações oficiais, entre os 167 municípios potiguares, ele é o que possui a 4ª maior área territorial, com 1.303,4 km².
Ao longo de sua trajetória histórica, Assú se transformou em um importante polo regional, atraindo pessoas de vários lugares do Brasil. Conhecido pela criatividade de sua poesia, com expoentes de renome nacional como Renato Caldas, é detentor de um solo de grande fertilidade e das maiores reservas de água doce do território norte-rio-grandense. Atualmente, é o 8º município mais populoso do nosso estado, abrigando em sua área geográfica 57.292 habitantes, conforme indica a última estimativa do IBGE.
Em termos de produção de riqueza, o município também ocupa uma boa posição no ranking estadual, constituindo-se na 10ª economia do RN, com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 566 milhões em 2012. Além disso, caso alguns empreendimentos produtivos promissores sejam implementados, a exemplo da ZPE do Sertão e do Projeto de Irrigação do Mendubim, é provável que o munícipio melhore ainda mais sua posição nessa matéria.
Por outro lado, ao completar nova idade, os maiores problemas e desafios de Assú se concentram na área socioambiental. De fato, apesar dos avanços ocorridos, o nível de bem-estar social do município precisa ser melhorado. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, o IDH-M assuense é de 0,661, conferindo-lhe a 16ª colocação em termos de qualidade de vida no RN, o que precisa ser relativizado haja vista que o sonho de alcançar o patamar de “muito alto” desenvolvimento humano (reservado aos municípios com IDH acima de 0,800) ainda está muito distante.
Note-se que, em agosto desse ano, Assú contava 20.823 pessoas beneficiárias do Programa Bolsa Família. Isso significa que 36% da sua população ainda é pobre ou muito pobre. Desse universo, conforme dados do Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), uma parcela significativa não sabe ler e escrever, tem moradia precária e depende da ajuda financeira do governo federal, que, em 2014, injetou na economia local por meio dessa política de transferência de renda o montante de R$ 10,6 milhões.
Outro tema que merece atenção é em relação ao meio ambiente. No decorrer dos seus 170 anos de existência o município de Assú cresceu e se urbanizou, mas à custa de uma grave degradação ambiental. As tentativas mais audaciosas visando enfrentar esse problema, como a Agenda 21 elaborada a partir do início dos anos 2000, infelizmente, não prosperaram. Ademais, até o presente, projetos inovadores como a coleta seletiva e a destinação ambientalmente adequada do lixo, também não conseguiram conquistar o merecido reconhecimento prioritário de nenhum dos gestores municipais que governaram a localidade.
Essas e outras questões não podem ficar de fora de uma reflexão crítica/construtiva sobre o presente e o futuro do município de Assú. Portanto, o povo assuense deve aproveitar o momento festivo, enaltecer sua terra e comemorar com alegria todos os avanços conquistados. Entretanto, não se deve esquecer que o desafio do desenvolvimento local está apenas começando. Assú ganha maturidade a cada ano e já é plenamente capaz de ser protagonista de sua história. Para isso, é preciso mobilização política objetivando garantir o avanço econômico e, acima de tudo, a melhoria dos indicadores sociais da população que vive nesse “pedaço de céu dentro do mundo”, como bem designou o poeta João Natanael de Macedo.
* Artigo publicado no Jornal De Fato, Mossoró/RN, 16/10/2015, p. 2. Disponível em: http://www.defato.com/edicoes/1030.
Postado em 16/10/2015 às 08:30
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