BREVE MEMÓRIA DA FREGUESIA DE SÃO JOÃO BATISTA DO ASSUPor Celso da SilveiraBem-aventurados os precursores desta região do Vale do Assu, que batizaram o núcleo populacional que originou a Freguesia, o Município e a Cidade, com o nome de Povoação de São João Batista da Ribeira do Assu, em 9 de Setembro de 1696. mantendo a mesma referencial do rio desse nome, em relação ao Reino de Portugal, a toda a Europa e ao Mundo, por cuja referencial todos sabiam, desde a Idade Média, da nossa existência no Mapa-Mundi.
São João Batista e o rio Assu são, portanto, pontos onde se assenta o equilíbrio entre as nascentes religiosa e social do nosso povo cristão. Foi pelo rio que começou a nossa colonização, a penetração ao interior desta parte do Brasil, pelo interesse econômico que a região despertava, desde a extração de madeiras à extração do sal, e aqui fizeram o assentamento das primeiras fazendas de gado e as primeiras charqueadas de carne, fundando povoados, vilas, cidades e para cá trazendo a Cruz de Cristo e a Sua Igreja, que chegou até nós, implantou-se, cresceu e até hoje, como no passado, tem a sua liderança seguida pelo povo.
E como surgiu esta Igreja de São João Batista que nos abriga, protege e orienta?
A criação da Freguesia é de 1726, por invocação de São João Batista, sendo a terceira instalada no Rio Grande do Norte, que teve por primeiro vigário o Padre Manoel de Mesquita e Silva. Mas, antes, em 1712, houve a doação de um terreno feita por Sebastião de Souza Jorge, cuja escritura foi lavrada no Cartório do Tabelião Sebastião Cardoso Batalha,em Natal. Em 1774, a 12 de setembro, Dona Clara Macedo, em casa do Reverendo Doutor Manoel Garcia do Amaral, assinou a escritura de uma segunda doação ao Padroeiro, constante de 75 braças, por trás da Matriz, com 15 braças de fundo para o Córrego. O pároco, na ocasião, era o Padre Sebastião Luiz da Costa Pereira e houve uma terceira doação, então de todo o território da cidade (Sítio Icu-Casa Forte) daí advindo o pagamento sobre o uso do chão, que corresponde ao Imposto Territorial (IPTU) que se cobra atualmente. Esta última doação foi feita em fevereiro de 1776. Era pároco da Freguesia, o Deão Frei Francisco de Sales Gurjão, e pela doadora, dona Clara Macedo, assinou o documento o Tenente Antônio Rodrigues Noia, a rogo, por ser a doadora cega.
De suas fundações até hoje, a Paróquia de São João Batista foi administrada por 49 párocos, a partir do Padre Manoel de Mesquita e Silva a este dedicado Padre Francisco Canindé dos Santos, que se encontra há 37 anos à frente dos destinos de nossa comunidade religiosa. Desses 49 servidores de Cristo, apenas seis eram asssuenses, em quase 300 anos. Alguns dos padres que aqui serviram projetaram-se enormemente no clero potiguar, como os Padres Félix Alves de Souza, Antônio Germano, Estevão Dantas, Calazans Pinheiro, Antônio Brilhante, José Neves, Joaquim Honório, Júlio Alves Bezerra, Raimundo Gurgel, Américo Simonetti, Padre Vigarinho – Antonio Freire de Carvalho – que é venerado em Caruaru, Pernambuco, tanto quanto o Padre João Maria em Natal.
Monsenhor Américo e o Vigarinho são assuenses ilustres.
A construção da Matriz é dada como iniciada em 15 de Julho de 1760, com a ajuda de índios mansos de Caicó ou do Apodi, mas há notícia de que em 1746 já havia um templo de madeira e barro. De 1850 a 1857, foi reconstruída inteiramente, conforme contrato entre o Juiz Dr. Luiz Gonzaga de Brito Guerra (depois, Barão do Assu) e o Cel. Manoel Lins Wanderley e tendo por testemunhas José Correia de Araújo Furtado, José Gomes de Amorim e Pedro Soares de Araújo, constante do revestimento das duas torres e construção da Capela do Senhor do Bonfim. A imagem de São João Batista foi doada pelo Coronel Wanderley, como era conhecido.
Em 1903 novos reparos foram feitos e a reconstrução do altar-mor pelo vigário Irineu Salles. Em 1906/1907, a abertura das arcadas laterais e o piso de mosaico, no vicariato do pároco Antônio Brilhante. Assim cada um deles colocou uma pedra na construção deste templo magnífico, como, por exemplo, o Monsenhor Júlio Alves Bezerra, que abriu os arcos laterais da capela do altar-mor, fez o forro de estuque e iniciou o Salão Paroquial, atual Sacristia, em 3 de agosto de 1939. O Padre Raimundo Gurgel, em 1942, construiu a calçada dos fundos, em escadarias.
Mais recentemente, de 1980 para cá, a Igreja Matriz de São João Batista passou por inúmeros melhoramentos, a saber:
1) descobrimento das portadas de pedra portuguesa e raspagem das grossas camadas de tinta das portas frontais;
2) instalação de ventiladores de teto, renovados em 1990;
3) piso de mármore da capela-mor, em 1990, com mármore doado por Carlinhos de Everton;
4) mesa da Eucaristia , em mármore, doada em parte pelo sr. Adriano, em 1970, substituindo a Mesa de madeira doada pela Silvan Móveis em 1970;
5) piso de mármore nas laterais do interior da igreja, doado por Carlinhos de Everton, em 1991;
6) piso de mármore da Nave Central, colocado em 1992 por Ismar Diógenes, ocasião em que se deu o descobrimento das soleiras das portas em pedra portuguesa;
7) reforma do teto nas laterais, feito em concerto armado e revisão do telhado e madeiramento;
8) pintura completa do interior da Igreja Matriz, em 1995, com altares (todos) pintados com tinta-ouro.
Esta é uma breve história da Freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu, desde as nascentes aos nossos dias, mas que só será completa quando os pesquisadores acessarem aos arquivos da Igreja a partir da primeira missa, e passar revista nos documentos das Dioceses de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande, com paradas na Diocese de Mossoró e nos livros de registro da própria Paróquia local.
Ad perpetuam rei memoriam et Ad majorem Dei gloriam
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NOTA: Esta breve memória da Freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu, foi resultado de pesquisa feita por Celso da Silveira, em maio/junho de 1996, especialmente para ser lida na homilia da noite de 22.06.96, na Festa do São João do Assu, a pedido do Cirurgião-Dentista Francisco das Chagas Pinheiro, presidente da Colônia Assuense em Natal. Consultadas obras de: Luiz da Câmara Cascudo, Nestor dos Santos Lima, Antônio Soares, Dr. Pedro Amorim, Antônio Fagundes, Ferreira Nobre, Vicente Lemos, Ezequiel F. Filho, Francisco Amorim, Walter Wanderley, Celso da Silveira.
Postado em 12/04/2015 às 21:00