O varejo e a Copa em Natal
Por Marcelo Fernandes de Queiroz - Presidente do Sistema Fecomércio RN
Sempre fui um defensor de que Natal lutasse para se consolidar como cidade-sede da Copa do Mundo Fifa 2014. A Fecomércio RN, inclusive, deflagrou uma campanha em que nos posicionávamos oficialmente favoráveis a este movimento. Isto foi no, hoje quase longínquo, ano de 2009. Faltando menos de um mês para o pontapé inicial do Mundial, a pergunta que dá título a este artigo, confesso, tem me incomodado. Na condição de presidente do Sistema Fecomércio RN venho acompanhando, de uma posição que posso classificar como privilegiada, todas as notícias, debates e informações sobre o evento. E é com base neste acompanhamento que tento, agora, responder a vocês, e a mim mesmo, esta questão.
Vamos começar, claro, pelos investimentos públicos pré-Copa. Neste ponto, Natal, infelizmente, amargou um atraso enorme nestas obras por motivos muitos. O fato é que a maior parte destes investimentos só começou a ser efetivada já no início do ano passado. Claro que eles foram muito bem vindos. Segundo um levantamento recente da Prefeitura de Natal, foram R$ 1,8 bilhão (aqui considerados os R$ 400 milhões investidos na construção da Arena das Dunas), recursos que sem nenhuma dúvida oxigenaram nossa economia e tiveram uma participação importante no desempenho de vendas do varejo potiguar registrado em 2013: alta de 8,8%, acima da média nacional.
Mas, fica sempre a frustração de que estas obras poderiam ter chegado em maior volume e maior monta. Isto se tivessem sido executadas dentro do planejamento inicial. Não é segredo para ninguém que uma boa parcela das obras previstas para nossa cidade ficou de fora dos recursos prioritários do PAC Copa por pura falta de tempo para executá-las. Há alguns anos, no auge da empolgação, chegou a ser levantado o volume de R$ 4 bilhões em investimentos. Ou seja: as obras vieram e foram boas para o varejo. Mas poderiam ter sido bem melhores.
Um outro ganho que posso citar aqui é ligado ao turismo. Um estudo recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC, mostra que serão abertas, em todo o país, quase 48 mil novas vagas de emprego no setor turístico entre abril e junho, em virtude da Copa. Aqui no Rio Grande do Norte, deverão ser aproximadamente 1.400 novas vagas. O número fará dobrar o volume de vagas abertas historicamente neste mesmo período ao longo dos últimos anos.
Considerando-se o salário médio de contratação, estes novos empregos irão representar uma injeção de R$ 1,2 milhão por mês, ou R$ 3,6 milhões nos três meses em tela, apenas com salários. É claro que novas vagas de emprego são sempre muito bem vindas, assim como é positiva a renda extra que elas geram. Mas eu confesso que estes números me parecem bem tímidos. Ainda na esfera do turismo, havia uma grande expectativa de termos um bom número de turistas circulando na cidade nos dias de jogos, assim como nos dias que antecedem as partidas. Mas, a julgar pelas notícias do navio de mexicanos - que irá aportar em Recife por falta de condições no nosso porto para recebê-lo - e da devolução, por parte da Fifa, da imensa maioria dos leitos de hotel que haviam sido pré-reservados para o Mundial, parece que não será bem assim. Tem-se falado em 80% de ocupação. Poderiam ser 100%.
Além disso, temos toda uma área de exceção no entorno da Arena das Dunas e horários diferenciados de funcionamento do comércio nestes dias. Tudo isso freia nosso comércio. Claro que haverá vendas extras. Mas não resta dúvidas de que elas não serão nem sombra do que alguns, mais otimistas e empolgados, puderam imaginar cinco anos atrás.
O que nos resta, então? A exposição de nossa cidade para o mundo, claro! Pois bem. Números da própria Fifa apontam que cerca de 3,6 bilhões de pessoas (ou metade da população mundial!) estarão assistindo aos jogos. Claro que há partidas com maior ou menor interesse. Ainda assim – e levando-se em conta que o sorteio da tabela foi relativamente generoso conosco – é uma vitrine de muito respeito.
Mas, nunca é demais lembrar que para aproveitar esta exposição cavalar efetivamente a nosso favor, muito mais do que nos apresentarmos bem, precisamos nos preparar para receber bem o turista futuro, com investimentos em infraestrutura, capacitação e qualificação de nossos profissionais, entre outras coisas. E aí, meus amigos, mais uma vez, estaremos no campo das conjecturas, das expectativas, nada mais. Exatamente como estávamos cinco anos atrás. Mas, a esta altura, que venha a Copa!
Sempre fui um defensor de que Natal lutasse para se consolidar como cidade-sede da Copa do Mundo Fifa 2014. A Fecomércio RN, inclusive, deflagrou uma campanha em que nos posicionávamos oficialmente favoráveis a este movimento. Isto foi no, hoje quase longínquo, ano de 2009. Faltando menos de um mês para o pontapé inicial do Mundial, a pergunta que dá título a este artigo, confesso, tem me incomodado. Na condição de presidente do Sistema Fecomércio RN venho acompanhando, de uma posição que posso classificar como privilegiada, todas as notícias, debates e informações sobre o evento. E é com base neste acompanhamento que tento, agora, responder a vocês, e a mim mesmo, esta questão.
Vamos começar, claro, pelos investimentos públicos pré-Copa. Neste ponto, Natal, infelizmente, amargou um atraso enorme nestas obras por motivos muitos. O fato é que a maior parte destes investimentos só começou a ser efetivada já no início do ano passado. Claro que eles foram muito bem vindos. Segundo um levantamento recente da Prefeitura de Natal, foram R$ 1,8 bilhão (aqui considerados os R$ 400 milhões investidos na construção da Arena das Dunas), recursos que sem nenhuma dúvida oxigenaram nossa economia e tiveram uma participação importante no desempenho de vendas do varejo potiguar registrado em 2013: alta de 8,8%, acima da média nacional.
Mas, fica sempre a frustração de que estas obras poderiam ter chegado em maior volume e maior monta. Isto se tivessem sido executadas dentro do planejamento inicial. Não é segredo para ninguém que uma boa parcela das obras previstas para nossa cidade ficou de fora dos recursos prioritários do PAC Copa por pura falta de tempo para executá-las. Há alguns anos, no auge da empolgação, chegou a ser levantado o volume de R$ 4 bilhões em investimentos. Ou seja: as obras vieram e foram boas para o varejo. Mas poderiam ter sido bem melhores.
Um outro ganho que posso citar aqui é ligado ao turismo. Um estudo recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, a CNC, mostra que serão abertas, em todo o país, quase 48 mil novas vagas de emprego no setor turístico entre abril e junho, em virtude da Copa. Aqui no Rio Grande do Norte, deverão ser aproximadamente 1.400 novas vagas. O número fará dobrar o volume de vagas abertas historicamente neste mesmo período ao longo dos últimos anos.
Considerando-se o salário médio de contratação, estes novos empregos irão representar uma injeção de R$ 1,2 milhão por mês, ou R$ 3,6 milhões nos três meses em tela, apenas com salários. É claro que novas vagas de emprego são sempre muito bem vindas, assim como é positiva a renda extra que elas geram. Mas eu confesso que estes números me parecem bem tímidos. Ainda na esfera do turismo, havia uma grande expectativa de termos um bom número de turistas circulando na cidade nos dias de jogos, assim como nos dias que antecedem as partidas. Mas, a julgar pelas notícias do navio de mexicanos - que irá aportar em Recife por falta de condições no nosso porto para recebê-lo - e da devolução, por parte da Fifa, da imensa maioria dos leitos de hotel que haviam sido pré-reservados para o Mundial, parece que não será bem assim. Tem-se falado em 80% de ocupação. Poderiam ser 100%.
Além disso, temos toda uma área de exceção no entorno da Arena das Dunas e horários diferenciados de funcionamento do comércio nestes dias. Tudo isso freia nosso comércio. Claro que haverá vendas extras. Mas não resta dúvidas de que elas não serão nem sombra do que alguns, mais otimistas e empolgados, puderam imaginar cinco anos atrás.
O que nos resta, então? A exposição de nossa cidade para o mundo, claro! Pois bem. Números da própria Fifa apontam que cerca de 3,6 bilhões de pessoas (ou metade da população mundial!) estarão assistindo aos jogos. Claro que há partidas com maior ou menor interesse. Ainda assim – e levando-se em conta que o sorteio da tabela foi relativamente generoso conosco – é uma vitrine de muito respeito.
Mas, nunca é demais lembrar que para aproveitar esta exposição cavalar efetivamente a nosso favor, muito mais do que nos apresentarmos bem, precisamos nos preparar para receber bem o turista futuro, com investimentos em infraestrutura, capacitação e qualificação de nossos profissionais, entre outras coisas. E aí, meus amigos, mais uma vez, estaremos no campo das conjecturas, das expectativas, nada mais. Exatamente como estávamos cinco anos atrás. Mas, a esta altura, que venha a Copa!
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